Socioeconomia e gestão florestal no Projeto de Assentamento Moju I e II, Pará, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2020.v23i1.367Palavras-chave:
Reforma Agrária, Recursos Florestais, Conservação Florestal, AmazôniaResumo
Os assentamentos representam importantes territórios ocupados por agricultores familiares. Na Amazônia, dadas especificidades culturais, geográficas, de infraestrutura e ambientais, a sustentabilidade econômica, social, cultural e ambiental dos projetos de assentamento é mais exigente que em outras regiões do país. A floresta, como um bem comunitário ou coletivo, pode representar um importante ecossistema a partir do uso sustentável, em prol da subsistência e qualidade de vida dos assentados. Assim, este artigo objetiva analisar o perfil socioeconômico dos assentados e a gestão florestal no Projeto de Assentamento Moju I e II, Oeste do Pará, Brasil. A insegurança das famílias nos lotes, somada à ausência de políticas públicas que promovam a floresta como um componente de desenvolvimento sustentável do assentamento, denota que a Reforma Agrária tenha se tornado um mero processo de distribuição de terras sem a promoção da qualidade de vida das famílias.
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