Reforma agrária e titulação de terras: desafios legais, políticos e sociais
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2024.v27i2.613Palavras-chave:
assentamento, movimentos sociais, agricultura familiarResumo
A política pública de concessão de títulos de propriedade de terras é essencial para entender os assentamentos, pois a sua aplicação de modo inadequado pode atuar na transformação de lotes redistribuídos em propriedades privadas. Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de formação, desenvolvimento e desafios enfrentados pelos agricultores familiares dos assentamentos Douradinho e Engenho da Serra, localizados em Ituiutaba/MG. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que o conjunto de dados foi coletado mediante visitas em instituições públicas da cidade e a realização de duas entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares residentes nos assentamentos desde a sua criação. Os resultados indicaram que o assentamento Douradinho enfrentou dificuldades na divisão dos lotes, assistência técnica e na falta de apoio financeiro para realizar o georreferenciamento e acesso ao título definitivo. Já o assentamento Engenho da Serra mostrou a necessidade do processo de seleção dos beneficiários e a importância da diversificação econômica e interação social para a sua viabilidade. Nota-se, portanto, que a fragilidade econômica e a insegurança jurídica enfrentada pelos assentados sinalizam a necessidade de apoio institucional e financeiro para que estes territórios cumpram com sua função de produzir alimentos e garantir qualidade de vida aos seus integrantes.
Referências
ALMEIDA, R. A. (Re)criação do Campesinato, Identidade e Distinção: a luta pela terra e o habitus de classe. São Paulo: UNESP, 2006. 384p.
ALVES, E. C; AQUINO, M. A. A pesquisa qualitativa: origens, desenvolvimento e utilização nas dissertações do PPGCI/UFPB - 2008 a 2012. Informação & Sociedade, João Pessoa, v. 22, n. 81, p. 79-100, 2012.
ARAÚJO, F. M. G; PADUA, W.R; OLIVEIRA L. H. A. (Re)existências do movimento terra, trabalho e liberdade: na espacialização, territorialização e na criação CSP-Conlutas. Revista observatorio de la economía latino-americana, Curitiba, v. 21, n. 6, p. 3050-3068, 2023.
BRADY, N. C.; WEIL, R. R. Elementos da natureza e propriedades dos solos. 3. ed. São Paulo: Bookman, 2013. 716p.
CALDART, R. S. Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais do que escola. Petrópolis: Vozes, 2000. 276p.
CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Preço ao produtor deve se manter em queda no 1° tri. 2021. Disponível em:< https://cepea.esalq.usp.br/upload/revista/pdf/0925260001616009725.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2024.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1992. 234p.
ÉBOLI, E. O conflito dos sem-terra. 2007. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/413150/noticia.htm?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 29 mai. 2024.
FIGUEIREDO, G. C.; PINTO, J. M. R. Acampamento e assentamento: participação, experiência e vivência em dois momentos da luta pela terra. Psicologia & Sociedade, São Paulo, v. 26 n. 3, p. 562-57, 2014.
GERING, S. M. P.; PINTO, N. G. M.; VIEIRA, K. M. Causas e consequências da inadimplência: uma análise sob diferentes dimensões. Revista de Administração de Roraima, Roraima, v. 11, n. 3, p. 1-20, 2021.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico de 2010. 2010. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/ituiutaba/panorama. Acesso em 20 mai. 2024.
INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Informações gerais sobre os assentamentos da Reforma Agrária. 2017. Disponível em: https://painel.incra.gov.br/sistemas/index.php. Acesso em: 29 mai. 2024.
INCRA. Assentamentos. 2023. Disponível em:<https://www.gov.br/incra/pt-br>. Acesso em: 14 mai. 2024.
IZIDORO, L. T.; FERRANTE, V. L. S. B.; DUVAL, H. C.; CARDOZO, D. R.; LORENZO, H. C. Assentadas no circuito do Pronaf mulher: expressões da autonomia feminina. Retratos de Assentamentos. v. 21, n. 1, p. 265-287, 2018.
JEZUZ, L. A reforma agrária no Brasil. 2009. 101f. Dissertação (Mestrado em Economia Política) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 2009.
KHAN, A. S.; SILVA, L. M. Assistência técnica, eficiência na utilização dos fatores de produção e da produtividade diferencial em propriedades rurais. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 35, n. 2, p. 95-114, 1997.
LUTHER, A; GERHARDT, T. Educação obrigatória, êxodo rural e fechamento das escolas do campo no Brasil. Saberes da Amazônia, Porto Velho, v. 3, n. 7, p. 281-310, jul./dez. 2018.
MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). 2023. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/mda/dap. Acesso em: 14 mai. 2024.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2017. 328p.
MENDONÇA, M. R. A. Urdidura espacial do capital e do trabalho no Cerrado do Sudeste Goiano. 2004. 487f. Tese (Doutorado em Geografia) - Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente. 2004.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2008. 416p.
MIYASHIRO, S. F. O.; PEREHOUSKEI, N. A. Os acampamentos de sem-terra como territórios de vida e esperança: organização, vivências, desafios e perspectivas. Espaço Plural. v. 26, n. 33, p. 147-177. 2015,
MST. Movimento Dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O Direito à Terra: uma defesa da Reforma Agrária Popular. 2024. Disponível em: https://mst.org.br/2024/04/18/o-direito-a-terra-uma-defesa-da-reforma-agraria-popular/. Acesso em: 29 mai. 2024.
NEVES, D. P. Getúlio Vargas e os muitos oestes brasileiros: colônias agrícolas no estado do Rio de Janeiro. In: MARIM, J. O. B., NEVES, D. P (Orgs.). Campesinato e Marcha para Oeste, Santa Maria: Editora da UFSM, 2013. p.101-143.
OXFAM BRASIL. Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural. 2016. Disponível em: https://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/relatorio-terrenos_desigualdade-brasil.pdf. Acesso em: 10 out. 2019.
PERACI, A. S. A importância da produção de leite para a agricultura familiar. 2007. Disponível em: http://www.saniquimica.com.br/acervo_detalhe.asp?id=42. Acesso em: 29 mai. 2024.
PINTO, P. M. B. Assentamentos, titulação e mercado de terras: dimensões da contrarreforma agrária no estado do Rio de Janeiro. 2023. 181f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade) - Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. 336p.
SCHNEIDER, S. TEORIA SOCIAL, Agricultura familiar e pluriatividade. Revista Brasileira de Ciência Sociais, v. 18, p. 99-192, fev. 2003.
SEHN, C. F., CARLINI JUNIOR, R. J. Inadimplência no Sistema Financeiro de Habitação: Um Estudo junto à Caixa Econômica Federal (Caixa). Revista de Administração Mackenzie, v. 8, n. 2, p. 59-84, 2007.
SILVA, G. A.; CASTANHO, R. B. Mapeamento da agricultura urbana no município de Ituiutaba – Minas Gerais/Brasil. Horizonte Científico, v. 5, n. 2, p. 1-27, 2011.
SILVA, R. M. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Brasil e as perspectivas de luta pós-golpe 2016. Trabalho Necessário, v. 17, n. 39, p. 38-64, mai./ago. 2019.
TROIAN, A.; DALCIN, D.; OLIVEIRA, S. V. O sistema leite: relevância e rentabilidade na agricultura familiar. In: JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS, 4., 2009. São Luis. Anais... São Luis: UFMA, 2009.
WEGNER, D. Aprendizagem Intraorganizacional: um estudo das redes horizontais de pequenas empresas. In: ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. (Orgs.). Aprendizagem Organizacional no Brasil. Porto Alegre: Bookman, 2011. p. 537-564.
ZINGA, M. R. M.; PEDLOWSKI, M. A. Identificando as causas da permanência e desistência de assentados no PA. Zumbi dos Palmares, Campos dos Goytacazes, RJ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 11., 2003, Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) em http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html