Poder econômico e extraeconômico do agro latifundiário no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2021.v24i1.467Palavras-chave:
Questão Agrária, Agronegócio, Poder Econômico, Poder Extraeconômico, Conflitos no CampoResumo
A questão agrária brasileira é marcada pela subordinação da agricultura à lógica do capital, com sua tendência à concentração da propriedade da terra e dos meios de produção. Nas décadas mais recentes, a hegemonia do agronegócio no rural brasileiro alterou padrões anteriores de acumulação de capital, todavia, nossa hipótese é que o poder econômico e extraeconômico do agro latifundiário no país é um elemento estrutural e estruturante da (e na) questão agrária brasileira, notadamente pelas imbricações que se estabelecem, pacífica ou coercitivamente, entre economia e política. Dito isso, o objetivo desse artigo é evidenciar que, mesmo passível de alterações na aparência, o agro latifundiário brasileiro mantém, dialeticamente sua essência no processo de acumulação ampliada de capital, por meio de sua capacidade – legal ou não – de apropriação privada e concentrada da terra e de fundos públicos. Configura-se assim, como buscamos demonstrar ao longo do trabalho, uma dinâmica que, mesmo apresentada como síntese da modernidade, se sustenta pela força econômica, política e coercitiva que a propriedade da terra confere a uma determinada fração da classe dominante.
Referências
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. Agroestratégias e desterritorialização: os direitos territoriais e étnicos na mira dos estrategistas dos agronegócios. In: ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno et al. Capitalismo globalizado e recursos territoriais: fronteiras da acumulação no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Lamparina, 2010.
ALVES, Ana Rodrigues Cavalcanti. O conceito de hegemonia: de Gramsci a Laclau e Mouffe. Lua Nova, São Paulo, n. 80, p. 71-96, 2010.
BARBOSA JUNIOR, Ricardo Cesar; COCA, Estevan Leopoldo de Freitas. Conflitos entre o campesinato e o agronegócio no Brasil: os Planos-Safra 2015-2016. Eutopía. Revista de Desarrollo Económico Territorial, n. 8, p. 11-27, dez, 2020. Disponível em: https://revistas.flacsoandes.edu.ec/eutopia/article/view/1828. Acesso em: 03 nov. 2020.
BELIK, Walter. Agroindústria e política agroindustrial no Brasil. In: RAMOS, Pedro (org.). Dimensões do Agronegócio Brasileiro Políticas, Instituições e Perspectivas. Brasília: NEAD, p. 141-170, 2007.
CANO, Wilson. Raízes da Concentração Industrial em São Paulo. 5. ed. Campinas: Unicamp, 2007.
CANO, Wilson. Reflexões sobre o papel do capital mercantil na questão regional e urbana do Brasil. Texto para discussão, n. 177, maio, 2010.
CARVALHO, Flávia Sanches de. A questão agrária na agenda governamental de FHC e Lula: uma análise à luz dos estudos de formação de agenda. 2017. 90 p. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/8859. Acesso em: 15 dez. 2020.
CARVALHO, Joelson Gonçalves. Agricultura e questão agrária no Brasil – Condicionantes estruturais da concentração fundiária. In: VI Coloquio de la Sociedad Latinoamericana de Economía Política y Pensamiento Crítico, 2010, Montevideo. Anais do VI Coloquio Coloquio de la Sociedad Latinoamericana de Economía Política y Pensamiento Crítico. Montevideo: SEPLA, 2010.
CARVALHO, Joelson Gonçalves de. Questão agrária e assentamentos rurais no Estado de São Paulo: o caso da região administrativa de Ribeirão Preto. 2011. 209 p. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Econômico) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia, Campinas, SP, 2011. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/286050. Acesso em: 10 nov. 2020.
CARVALHO, J. G. Economia Agrária. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2015. 246 p.
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA/Centro de documentação Dom Tomás Balduíno. Conflitos no Campo – Brasil 2019. [Coordenação: Antônio Canuto, Cássia Regina da Silva Luz, Paulo César Moreira dos Santos [Goiânia]: CPT Nacional, 2020.
CUNHA, Sebastião Ferreira. As transformações ocorridas no financiamento agrícola nos últimos anos. 1999. 89 p. Curso de Ciências Econômicas. UFU: Uberlândia, 1999.
CUNHA, Sebastião Ferreira da. O mundo do trabalho e os movimentos intersticiais das relações entre os processos de valorização produtiva e financeira: desdobramentos e impactos. 2013. 257 p. Tese (doutorado em desenvolvimento econômico) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia, Campinas, SP, 2012. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/286071. Acesso em: 22 out. 2020.
CUNHA, Sebastião Ferreira; SOUSA, Henrique Ferreira; CORRÊA, Vanessa Petrelli. Caminhos Metodológicos e Construção Teórica - interpretações sobre o mercado financeiro. In: Encontro Nacional de Economia Política, XXI, 2016, São Bernardo do Campo. Anais do XXI Encontro Nacional de Economia Política "Economia Política da Recessão". São Bernardo do Campo: Ed. UFABC, 2016, p. 126-151.
CUNHA, Sebastião Ferreira da. Dois Mundos Entrelaçados: produtividade do trabalho e valorização financeira. Seropédica: Edur/Ufrrj, 2018.
DELGADO, Guilherme. Capital Financeiro e Agricultura no Brasil. Campinas: Ed. Ícone/Ed. da UNICAMP, 1985.
DELGADO, Guilherme Costa. Do capital financeiro na agricultura à economia do agronegócio: mudanças cíclicas em meio século (1965-2012). Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2012.
FLEXOR, Georges Gérard; LEITE, Sergio Pereira. Mercado de terras, commodity boom e land grabbing no Brasil. In: FLEXOR, Georges Gérard; MALUF, Renato. (org.). Questões agrárias, agrícolas e rurais: conjunturas e políticas públicas. Rio de Janeiro: E-papers, p. 56-74, 2017.
GERSHON, Débora; MEIRELES, Fernando; BARBOSA, Leonardo M. Mapa do agronegócio no Congresso. Rio de Janeiro, 2020. Observatório do Legislativo Brasileiro - UFRJ. Disponível em https://olb.org.br/mapa-do-agronegocio-no-congresso/, postado em 13/08/2020. Acesso em: 27. out. 2020.
GRAZIANO DA SILVA, José. O Que é Questão Agrária. São Paulo: Brasiliense, 1993.
GUANZIROLLI, Carlos Henrique; DI SABBATO, Alberto. Existe na agricultura brasileira um setor que corresponde ao family farming americano? Rev. Bras. Ciências Sociais, São Paulo, v. 35, n. 104, 2020.
GUEDES PINTO, Luís Carlos. Notas Sobre a Política de Crédito Rural. Campinas: Unicamp, 1981.
MORAES, Reginaldo Carmello, ÁRABE, Carlos Henrique, SILVA, Maitá de Paula. As cidades cercam os campos: estudos sobre o projeto nacional e desenvolvimento agrário na era da globalização. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
MUNHOZ, Dércio. Gargia. Economia Agrícola – agricultura, uma defesa dos subsídios. Petrópolis: Vozes, 1982.
PAIM, Gilberto. Industrialização e Economia Natural. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1957.
POMPEIA, Caio. Concertação e poder: o agronegócio como fenômeno político no Brasil. Rev. Bras. Ciências Sociais, São Paulo, v. 35, n. 104, 2020.
SARON, Flávio de Arruda; HESPANHOL, Antonio Nivaldo. O Pronaf e as Políticas de Desenvolvimento Rural no Brasil: o desafio da (re)construção das políticas de apoio à agricultura familiar. Geo UERJ, Rio de Janeiro, v. 2, n. 23, p. 656-683, 2012.
SZMRECSÁMYI, Tamás; RAMOS, Pedro. O Papel das Políticas Governamentais na Modernização da Agricultura Brasileira. In: SZMRECSÁNYI, Tamás.; SUZIGAN, Wilson. (Orgs.). História Econômica do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Hucitec, 1997.
IBGE. Censos Agropecuários. Rio de Janeiro, 1960-2019.
HOFFMANN, Rodolfo. Estimação da desigualdade dentro de estratos no cálculo do índice de Gini e redundância. Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 719-738, dez, 1979.
TAVARES, Maria Conceição. Subdesenvolvimento, dominação e luta de classes. In: TAVARES, M. C. (Org.). Celso Furtado e o Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2000.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) em http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html