Caminhos da transição agroecológica: comparação entre práticas alternativas de dois segmentos de agricultores familiares, no território Noroeste Paulista

Autores

  • Natália Gabriela Rós Marques de Oliveira Unesp, Câmpus de Ilha Solteira.
  • Antonio Lázaro Sant´Ana Unesp, Câmpus de Ilha Solteira http://orcid.org/0000-0002-3287-7144
  • Túlio Gabriel Rós Marques de Oliveira Universidade Estadual de Maringá - UEM

DOI:

https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2022.v25i1.386

Palavras-chave:

Assentados da Reforma Agrária, APRUPO, controle fitossanitário, Conhecimento Tradicional

Resumo

Este trabalho teve como origem pesquisas que buscaram gerar informações a respeito de práticas e conhecimentos referentes à agroecologia no Território Noroeste Paulista (SP). O objetivo deste artigo foi analisar, comparativamente, junto a agricultores assentados da reforma agrária e de uma associação composta também de agricultores familiares, quais as técnicas e valores, provindos de suas tradições, são implementados ou orientam a organização de seus sistemas de produção e que podem ser considerados como pertinentes ao processo de transição agroecológica. Foram utilizados questionários aplicados, na forma de entrevista, junto a total 23 famílias de três assentamentos rurais e a 34 membros da Associação de Produtores Rurais de Pontalinda – APRUPO, todos situados no referido Território. Os resultados evidenciaram que os assentados compõem um grupo mais jovem em comparação aos associados e possuem menor experiência como agricultores. Ambos segmentos apresentam expressiva diversificação de produção, em termos de culturas e criações; e embora utilizem com maior frequência agrotóxicos para o controle fitossanitário, o emprego de formas alternativas de controle de pragas, doenças e plantas espontâneas, quando analisadas em conjunto, abrange a maioria dos agricultores assentados e associados pesquisados. Embora não haja ações sistemáticas visando estimular processos de transição agroecológica, pode-se considerar que ambos os segmentos, em termos predominantes, situam-se em uma fase intermediária entre a otimização do uso de insumos químicos sintéticos e a substituição destes insumos por métodos ecologicamente mais sustentáveis.

Biografia do Autor

Natália Gabriela Rós Marques de Oliveira, Unesp, Câmpus de Ilha Solteira.

Engenheira agrônoma, Mestranda em Agronomia, Unesp, Câmpus de Ilha Solteira

Antonio Lázaro Sant´Ana, Unesp, Câmpus de Ilha Solteira

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Departamento de Fitotecnia Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Departamento de Fitotecnia Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Prof. Livre-docente em Sociologia, Faculdade de Engenharia da Unesp, Câmpus de Ilha Solteira.

Túlio Gabriel Rós Marques de Oliveira, Universidade Estadual de Maringá - UEM

Graduação em andamento em Engenharia Agrícola.

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Publicado

2022-06-27

Como Citar

Oliveira, N. G. R. M. de, Sant´Ana, A. L., & Oliveira, T. G. R. M. de. (2022). Caminhos da transição agroecológica: comparação entre práticas alternativas de dois segmentos de agricultores familiares, no território Noroeste Paulista. Retratos De Assentamentos, 25(1), 114-135. https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2022.v25i1.386

Edição

Seção

Artigos Originais