Do tradicional a ocidentalização: aspectos relacionados à soberania alimentar e a saúde da população indígena Krenak, 2016 – 2017
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2025.v28i2.625Palabras clave:
população indígena, saúde da população indígena, território sociocultural, direito à alimentação adequadaResumen
A população indígena Krenak conhecida como botocudos do leste, situam-se na região do rio doce (Minas Gerais), cujo foi acometida pela contaminação proveniente do rompimento da barragem de fundão da mineradora Samarco que pode ter contribuído para o processo de aculturação desta população. O objetivo deste estudo é descrever os direitos básicos desse povo relacionado à soberania alimentar e a segurança alimentar avaliando os aspectos de consumo de alimentos e das doenças mais prevalentes. Trata-se de um estudo transversal realizado entre 2016 e 2017, com indígenas Krenak. Foram coletados dados: sociodemográficas, de estilo de vida, hábito alimentar, antropométricas e aferida a pressão arterial e a glicemia. Foram realizadas análises descritivas e o teste qui-quadrado de Pearson. A população estudada referiu um consumo inadequado de frutas, sucos naturais, verduras e legumes cozidos. Além disso, em sua maioria referiram maior consumo de refrigerante, consumo de carne com excesso de gordura e o acréscimo de sal na comida pronta. Estes dados quando contextualizados a partir de um pressuposto colonial demonstram um processo de aculturação dessa população indígena e uma ocidentalização de sua alimentação, composto por uma deturpação do consumo de alimentos ancestrais, provocando uma realidade de desterritorialização.
Citas
ACHINTE, A. Comida y colonialidad. Tensiones entre el proyecto hegemónico y las memórias del paladar. Calle14, 4, 10–23, 2010.
ADICHIE, CHIMAMANDA NGOZI. O Perigo de uma História Única (tradução de Julian Romeu) – 1ª ed, São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
BATAL, M.; JOHNSON-DOWN, L.; MOUBARAC, JC.; ING, A.; FEDIUK, K.; SADIK, T.; MAN CHAN, H.; WILLOWS, N. Sociodemographic associations of the dietary proportion of ultra-processed foods in First Nations peoples in the Canadian provinces of British Columbia, Manitoba, Alberta and Ontario. International Journal of Food Sciences and Nutrition, v. 69, n. 6, p. 753–761, 18 ago. 2018.
BATAL, M.; MAN CHAN, H.; ING, A.; FEDIUK, K.; BERTI, P.; SADIK, T.; JOHNSON-DOWN, L. Nutrient adequacy and nutrient sources of adults among ninety-two First Nations communities across Canada. Canadian Journal of Public Health, v. 112, n. S1, p. 29–40, jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde. Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. 1° ed. 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Especial de Saúde Indígena. Distrito Sanitário Especial Indígena de Minas Gerais e Espírito Santo. Plano Distrital de Saúde Indígena 2012-2015. Governador Valadares-MG. 2012: 1-6.
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019.
CORRÊA, M. L. M.; PIGNATI, W. A.; PIGNATTI, M. G.; MACHADO , J. M. H.; SOUZA E LIMA, F. A. N. DE. Alimento ou mercadoria? Indicadores de autossuficiência alimentar em territórios do agronegócio, Mato Grosso, Brasil. Saúde em Debate, v. 43, n. 123, p. 1070–1083, out. 2019.
COSMOS BENVEGNÚ, V.; MANRIQUE GARCÍA, D. Colonialidade alimentar? Alguns apontamentos para reflexão. Mundo Amazónico, v. 11, n. 1, p. 39–56, 1 jan, 2020.
FIOROTT, T. H.; ZANETI, I. C. B. B. Tragédia do Povo Krenak pela Morte do Rio Doce / Uatu, no Desastre da Samarco / Vale/ BHP, Brasil. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science, v. 6, n. 2, p. 127, 10 set. 2017.
FREITAS, C. M. de; SILVA, M. A. da; MENEZES, F. C. de. O desastre na barragem de mineração da Samarco: fratura exposta dos limites do Brasil na redução de risco de desastres. Ciência e Cultura, v. 68, n. 3, p. 25–30, set. 2016.
HERRERA MILLER, K. (2016). De/colonialidad alimentaria. Transformaciones simbólicas en el consumo de la quinua en Bolivia. Razón y Palabra, 20, 33–50.
JESUS, V. DE. Racializando o olhar (sociológico) sobre a saúde ambiental em saneamento da população negra: um continuum colonial chamado racismo ambiental. Saúde e Sociedade, v. 29, n. 2, p. e180519, 2020.
KENNEDY, G.; KANTER, R.; CHOTIBORIBOON, S.; COVIC, N.; DELORMIER, T.; LONGVAH, T.; MAUNDU, P.; OMIDVAR, N.; VISH, P.; Kuhnlein, H.Traditional and Indigenous Fruits and Vegetables for Food System Transformation. Current Developments in Nutrition, v. 5, n. 8, p. nzab092, 18 ago. 2021.
KRENAK, A. PAISAGENS, TERRITÓRIOS E PRESSÃO COLONIAL. Espaço Ameríndio, v. 9, n. 3, p. 327, 30 dez. 2015.
LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care 1994; 21:55-67
LOUZADA, M. L. DA C.; MARTINS, A. P. B.; CANELLA, D. S.; BARALDI, L. G.; LEVY, R. B.; CLARO, R. M.; MOUBARAC, JC.; CANNON, G.; MONTEIRO, C. A.Ultra-processed foods and the nutritional dietary profile in Brazil. Revista de Saúde Pública, v. 49, n. 0, 2015.
MARTINI, D.; GODOS, J.; BONACCIO, M.; VITAGLIONE, P.; GROSSO, G. Ultra-Processed Foods and Nutritional Dietary Profile: A Meta-Analysis of Nationally Representative Samples. Nutrients, v. 13, n. 10, p. 3390, 27 set. 2021.
MOSCOVICI, Serge. Sociedade contra a natureza. Rio de Janeiro: Vozes, 1975.
NARDOCCI, M.; POLSKY, J. Y.; MOUBARAC, J.-C. Consumption of ultra-processed foods is associated with obesity, diabetes and hypertension in Canadian adults. Canadian Journal of Public Health, v. 112, n. 3, p. 421–429, jun. 2021.
NCEP. National Cholesterol Education Program. Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). Third Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III) final report . Circulation. 2002; 106(25): 3143-421.
PARAÍSO, M. H. B. Instituto Socioambiental /Povos Indígenas no Brasil. Krenak. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/povo/krenak/253> . Acesso em: 14 de outubro de 2021.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: QUIJANO, Anibal. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, p. 117-142, 2005.
RENGIFO, G. Comida y biodiversidad en el mundo Andino. Comida y biodiversidad en el mundo Andino. Lima: Proyecto Andino de Tecnologías Campesinas, 2000.
SANTOS, B. DE S. Araújo, S.; Baumgarten, M. As Epistemologias do Sul num mundo fora do mapa. Sociologias, v. 18, n. 43, p. 14–23, dez. 2016.
SANTOS, M. 1992: a redescoberta da Natureza. Estudos Avançados, v. 6, n. 14, p. 95–106, abr. 1992.
SOARES, G. H.; Carrer, F. C. A.; Biazevic, M. G.; Michel-Crosato, E. Food Transition and Oral Health in Two Brazilian Indigenous Peoples: A Grounded Theory Model. Journal of Health Care for the Poor and Underserved, v. 30, n. 3, p. 1037–1052, 2019.
SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol. 2016; 107(1 suppl 3): 1-82.
SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. São Paulo: Sociedade Brasileira de Diabetes; 2016.
WHO. World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: World Health Organization; 1995.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Retratos de Assentamentos

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) em http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html


