Agricultura familiar e cooperativismo no Rio Grande do Sul: entre continuidades camponesas e desafios da inserção no mercado
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2025.v28i2.648Palabras clave:
Agricultura familiar; cooperativismo componês; desenvolvimento rural sustentávelResumen
Este artigo analisa a agricultura familiar e o cooperativismo camponês no Rio Grande do Sul, com base nos dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE) e do Sistema Ocergs (2023). A pesquisa parte do reconhecimento de que, embora a agricultura familiar represente a maioria dos estabelecimentos rurais no estado, persiste uma forte concentração fundiária que limita sua autonomia econômica. Ao dialogar com a literatura clássica (Chayanov, Shanin, Wolf) e contemporânea (Ploeg, Schneider, Grisa), o estudo busca compreender em que medida o cooperativismo constitui estratégia de resistência ou de integração subordinada ao agronegócio. O artigo contribui para o debate acadêmico ao evidenciar a ambiguidade do cooperativismo gaúcho: ao mesmo tempo em que promove inclusão produtiva, corre o risco de reforçar desigualdades estruturais. Além disso, diferencia-se por inserir uma análise comparativa internacional, apontando como experiências latino-americanas e europeias oferecem alternativas mais alinhadas à agroecologia e à soberania alimentar. Conclui-se que o fortalecimento de cooperativas enraizadas em princípios democráticos e solidários é condição necessária para consolidar um modelo de desenvolvimento rural sustentável no Brasil.
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