As mulheres e as planta medicinais: reflexões sobre o papel do cuidado e suas implicações

Autores

  • Flávia Charão Marques Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Vinícius Cosmos Benvegnú Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Adriana Samper Erice Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Ana Paula de Carli Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2015.v18i1.186

Palavras-chave:

camponesas, desenvolvimento rural, aprendizagem coletiva

Resumo

Tendo como foco processos de aprendizagens coletivas e de organização social de mulheres rurais motivadas pelo tema das plantas medicinais, em diferentes regiões do Rio Grande do Sul, este trabalho problematiza a construção do cuidado ao outro como um papel feminino. O ponto de partida é observação de que esse ‘cuidado’ parece estar superando a esfera familiar, ampliando-se para o âmbito comunitário e mesmo global, na medida em que as mulheres ampliaram suas lutas pela igualdade de gênero e pelo reconhecimento do seu trabalho até uma nova responsabilização pelas mudanças requeridas no padrão de desenvolvimento. Os grupos estudados têm na mobilização em torno da produção de remédios uma forma de ação que permite acessar outras questões de ordem política.
Identifica-se que há reposicionamentos das mulheres frente à entrada no mundo produtivo e em direção à vida pública, mas também dinâmicas contraditórias que provocam sobrecargas de trabalho. Assim, há continuidades e descontinuidades no papel ‘cuidador’ da mulher, sendo que a doação de tempo, afetos, palavras e práticas, ainda, aparecem minimizadas diante do imperativo desenvolvimentista.

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Publicado

2015-01-09

Como Citar

Marques, F. C., Benvegnú, V. C., Erice, A. S., & Carli, A. P. de. (2015). As mulheres e as planta medicinais: reflexões sobre o papel do cuidado e suas implicações. Retratos De Assentamentos, 18(1), 155-182. https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2015.v18i1.186

Edição

Seção

Artigos Originais