Trajetórias por dignidade: um estudo de caso das lutas por terra e reforma agrária no sul do Brasil

Dayana Cristina Mezzonato MACHADO; Pâmela Marconatto Marques

doi:10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2024.v27i2.604

Autores

Dayana Cristina Mezzonato Machado UFRGS/Professora convidada, pós doutoranda em Desenvolvimento Rural
Pâmela Marques UFRGS/Professora adjunta A

DOI:

https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2024.v27i2.604

Palavras-chave:

reforma agrária., estratégias socioeconômicas., vida digna., sucessão rural.

Resumo

O presente trabalho buscou compreender as relações entre a luta pela terra, pela reforma agrária e a produção de vida digna no campo. Por meio de um estudo de caso, a pesquisa analisou a trajetória de vida da família de Seu José e Dona Emília, agricultores do Assentamento Filhos de Sepé, município de Viamão, Rio Grande do Sul (RS). A trajetória da família indica que a exclusão do processo de modernização agrícola, em meados da década de 1980, criou as condições para o ingressou na luta pela terra junto ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como possibilidade de construção de futuro e vidas dignas. Seus relatos apontam que as lutas coletivas resultaram em conquistas comuns de terra e políticas públicas para a reforma agrária, possibilitando autonomia na produção farta de alimentos saudáveis para o autoconsumo, bem como a inserção em atividades cooperadas, com acesso a mercados de alimentos orgânicos. As lutas forjaram, ainda, sociabilidades sustentadas por fortes laços de uma vida em comunidade e, ao mesmo tempo, permitiram acesso a educação e trabalho para os filhos e netos.

Biografia do Autor

Dayana Cristina Mezzonato Machado, UFRGS/Professora convidada, pós doutoranda em Desenvolvimento Rural

Doutora e mestre em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (2005) e especialização em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo pela Universidade Federal de Santa Maria (2015). Atualmente realiza estágio pós-doutoral no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural da UFRGS, onde é bolsista pós-doc do Programa de formação em ATER para assentamento de reforma agrária e contribuições para agenda 2030 - produção de conhecimento em extensão rural (PROFOR-EXT) UFG/UFRGS/MDA. Está como professora convidada da Faculdade de Ciências Econômicas e Relações Internacionais da UFRGS e educadora no Instituto de Educação Josué de Castro, atuando em disciplinas de Química, Agroecologia, Gênero e Meio ambiente para educandos e educandas de áreas de reforma agrária. Possui experiência profissional como extensionista rural em assentamentos de reforma agrária entre os anos de 2005 e 2010, atuando em Minas Gerais. Entre 2011 e 2012 atuou junto a equipe internacional de cooperação aos movimentos camponeses do Haiti, com coordenação da Embaixada brasileira em Porto Príncipe. Entre 2012 e 2017 trabalhou no Programa de Assessoria Técnica Ambiental e Social (ATES) no Rio Grande do Sul. Atuou como extensionista rural no Instituto Rio Grandense do Arroz. Dentre os temas de pesquisa e ensino de interesse estão pobreza e desenvolvimento rural; processos de mediação e extensão rural; agroecologia; assentamentos e movimentos sociais rurais; gênero, feminismos comunitários; racismo, povos e comunidades tradicionais. Em 2005 recebeu a honraria da UFV de destaque entre os pares. Em 2024 teve sua tese de doutorado indicada pelo PGDR ao prêmio CAPES de melhor tese.

Pâmela Marques, UFRGS/Professora adjunta A

Professora Adjunta no Departamento de Economia e Relações Internacionais e Professora Permanente da Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Doutora em Sociologia pela UFRGS, na linha de pesquisa Minorias Sociais: estigmatização, discriminação, desigualdade e resistência. Pós-Doutora (PPDJ-CNPQ) no mesmo programa, com pesquisa de campo junto às Nações Unidas (Genebra, Suiça) e ao Mouvement politique des objecteurs de croissance (mpOC), em Liège, Belgica. Integra os GTs CLACSO Pensamiento crítico caribeño sobre raza y racismo e Autonomias, Territorios y Memorias: geopolíticas en disputa; e o Laboratório Urgente de Teorias Armadas (LUTA - NEAB/UFRGS), coordenado por José Carlos Gomes dos Anjos. Coordena o Coletivo de mulheres para leitura e criação de textualidades não-canônicas (SUPORTE). Foi assessora de coordenação e pesquisadora no Projeto Brasil-Haiti, resultado da parceria entre o International Development Research Centre e a Faculdade de Direito de Santa Maria, desenvolvendo uma série de atividades de ensino, pesquisa e extensão sobre a temática e realizando trabalho de campo no Haiti, entre 2007 e 2011. Foi professora vinculada ao Departamento de Direito Internacional da Faculdade de Direito de Santa Maria, onde também atuou como coordenadora de Pesquisa e Monografia e em diversas atividades de extensão. Em 2015, esteve entre xs dez pesquisadorxs latino-americanxs selecionadxs para integrar o South-South Institute on Inequality and Social Justice, na Universidade de Kwazulu-Natal (Durban, África do Sul); em 2016 foi professora convidada junto à Cátedra de Ideas Políticas y Sociales Americanas da Licenciatura de Ciencia Política y Administración Pública da UNCuyo/Argentina. Foi a vencedora do Prêmio Pedro Krotsch de Estudos sobre a Universidade, edição 2017 - Universidad pública y movimientos populares en América Latina y el Caribe. Atualmente, é Coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (ACNUR/UFRGS). Seus interesses de pesquisa relacionam-se às epistemologias do Sul; educação antirracista e interculturalidade; metodologias de pesquisa em colaboração; estudos sobre pobreza; Haiti. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0630-9546

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