A espacialidade do envelhecimento em memória autobiográfica no Pontal do Paranapanema
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2023.v26i1.544Resumo
O objetivo principal desta texto é compreender como se constrói a
experiência do envelhecimento rural e identificar as estratégias de resistência e a
espacialidade desenvolvidas pelos idosos no contexto de luta, conquista e formação
do acampamento Gercina Mendes e do assentamento Água Sumida. Discute-se
também como o envelhecimento é visto na geografia e sua relação com as dimensões
espaciais e sociais dos sujeitos. Partindo de um referencial teórico para a geografia do
envelhecimento, propomos uma compreensão de como os conceitos espaciais
desempenham um papel no exame do envelhecimento em áreas de conflito agrários,
justificando uma análise relacional, com foco em múltiplos sujeitos sociais, e para além
do mundo dos adultos. Para tanto, tomamos como eixo central a relação entre
envelhecimento e espaço na trajetória de pessoas idosas em situações de
acampamento e assentamento no Pontal do Paranapanema – São Paulo. História oral,
reconstrução de memórias e uso do caderno de campo foram estratégias para geração
de dados de envelhecimento. Nossa tese levanta a hipótese de que o envelhecimento
constrói espaços específicos relacionados ao uso espacial e temporal em
acampamentos e assentamentos, onde o trabalho é a base para que os idosos do
meio rural percebam a velhice. Esses sujeitos produzem espacialidade por meio de
seus corpos, práticas e relações sociais espacialmente relacionadas. Casas e lotes
são entendidos como espaços de memória e trabalho, e a terra como meio de
reprodução da vida. De modo geral, o trabalho apresenta as múltiplas possibilidades
de se estudar a idade por meio da geografia, buscando ampliar e aprofundar a
compreensão do envelhecimento a partir das dimensões dos sujeitos sociais e do
espaço, aqui entendido por meio de princípios de indissociabilidade e
multidimensionalidade.
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