O turismo como meio de justificação da reforma agrária - o caso do acampamento Marielle Vive, Valinhos/SP
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2024.v27i1.573Palabras clave:
: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Turismo Rural de Base Comunitária, Reforma agrária, Organização comunitária, Territórios periurbanosResumen
O presente artigo discute as formas de legitimação das ações das famílias engajadas no acampamento Marielle Vive, localizado em Valinhos/SP. Considera-se em particular o papel do turismo comunitário como estratégia para maior visibilidade dos argumentos justificativos que fundamentam as reivindicações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região. Desta maneira, inverte-se a questão que comumente orienta as pesquisas em turismo. Ao invés de “o que justifica o turismo?”, a questão central do presente estudo é “o que o turismo permite justificar?”. Assim, serão explorados dois eventos de visitação e vivência no acampamento Marielle Vive que ocorreram por ocasião da 10ª Jornada Universitária pela Reforma Agrária (JURA), organizada notadamente por discentes da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), e do 61º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia Administração e Sociologia Rural (SOBER). Conclui-se que o MST de Valinhos/SP produziu nos últimos anos uma alternativa de turismo rural comunitário que apresenta grande potencial de estímulo ao engajamento de novos apoiadores, favorecendo a construção de alianças com outras organizações da sociedade civil organizada.
Citas
ADUSP. Estudantes encerram a X JURA-Esalq com vivência no Acampamento Marielle Vive. Soberania Alimentar, Piracicaba/SP, 28 de abril. 2023. Disponível em:<https://adusp.org.br/soberania-alimentar/jura-enc/>. Último acesso em 19/02/2024.
AGREMAL. Estudantes, pesquisadores e professores apoiam o MST durante o 61° Congresso da SOBER. Agriculturas Emergentes e Alternativas, Piracicaba/SP, 2 de ago. 2023. Disponivél em:< https://agremal.wordpress.com/2023/08/02/estudantes-pesquisadores-e-professores-apoiam-o-mst-durante-o-61-congresso-da-sober/> Último acesso em 19/02/2024.
ALVES, José Caio Quadrado. O espírito do ecologismo e a metamorfose do campo: um estudo sobre os conflitos sociais no campo em tempos de emergência climática (o caso do assentamento Mário Lago, Ribeirão Preto/SP). Dissertação (Mestrado em Sociologia). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas/ SP, 2023.
ALVES, José Caio Quadrado; FEST, G. A. L. Metamorfose do campo: um estudo de caso sobre três assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no estado de São Paulo. In: FERREIRA, L. C.; SELEGUIM, F. B. A emergência climática: governança multinível e multiatores no contexto brasileiro. Curitiba, PR: Editora CRV, 2023.
BECK, Ulrich. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade. Tradução de Maria Luiza Xavier de Almeida Borges. Revisão técnica de Maria Claudia Pereira Coelho. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2018. 279 p. ISBN 9788537817346 (broch.).
BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO, E. O novo espírito do capitalismo. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. 2. ed. São Paulo, SP: WMF Martins Fontes, 2020. 701 p. ISBN 9786586016154 (broch.).
BOLTANSKI, L.; THÉVENOT, L. A justificação: sobre as economias da grandeza. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2020.
BOLTANSKI, L.; THÉVENOT, L. The Sociology of Critical Capacity. European Journal of Social Theory, 2(3), 359-377. 1999.
CANDIOTTO, Luciano Zanetti P. Considerações sobre o conceito de turismo sustentável. Revista Formação, n.16, volume 1 – p.48-59. 2009.
CUNHA, A. M. Turismo rural de base comunitária: a experiência de Santo Antônio da Patrulha (RS). Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.7, n.4, nov. 2014-jan. 2015.
ESCOBAR, Arturo. Whose Knowledge, Whose nature? Biodiversity, Conservation, and the Political Ecology of Social Movements. Journal of Political Ecology, Vol.5. 1998.
FEITOSA, T. H. C.; FRANCA, M. J. P. Agrofloresta e turismo rural em nova Olinda-CE. Revista da Casa da Geografia de Sobral, Sobral, v. 11, n. 1. 2009.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 8ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária, 2012. 254 p. ISBN 9788530939663 (broch.).
GIANNINI, N. Possibilidades do turismo rural em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). In: Semana paranaense de turismo da UFPR, 24, 2017, Curitiba: UFPR, 2017.
GUDYNAS, Eduardo. Direitos da natureza: ética biocênctrica e políticas ambientais. Tradução de Igor Ojeda. São Paulo, SP: Elefante, 2019. 333 p. ISBN 9788593115479 (broch.).
LABORDA, M.; Scherer, E.F. Turismo de Pesca e Comunidades Ribeirinhas na Amazônia: reflexões sobre a categoria “águas de trabalho”. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v 16, n.5, pp. 430-441, nov. 2023.
Lafaye, C. and Thévenot, L. An Ecological Justification? Conflicts in the Development of Nature. Emerald Publishing Limited, Leeds, v 52, pp. 273-300. 2017.
LIMA, F. B. C. Turismo Comunitário e Desenvolvimento Local: uma revisão integrativa sobre a Acolhida na Colônia. Caderno Virtual de Turismo, 19 (2). 2019.
MORUZZI MARQUES, P. E et al. Justiça ecológica como bússola para ações em favor da agricultura urbana e periurbana. RESR, vol.59, n4, e239176, 2021.
MORUZZI MARQUES, P. E., & Blanc, J. Contornos sinuosos de justiça ecológica: o desenvolvimento do bairro rural Demétria em Botucatu/SP. Raízes: Revista De Ciências Sociais E Econômicas, 40(2), 366–389. 2020. Disponível em:< https://doi.org/10.37370/raizes.2020.v40.670>. Último acesso em 19/02/2024.
MST. JURA/ESALQ se enraíza no campus Luiz de Queiroz, em Piracicaba (SP). Reforma Agrária Popular, 20 de abril. 2023. Disponível em: . Último acesso em 19/02/2024.
NODARI, Diogo Ectore et al. Turismo no espaço rural brasileiro: novas alternativas para os assentamentos da reforma agrária. EXTENSIO - Revista Eletrônica de Extensão, n. 3, 2005.
PAULINO, E.G.; PIZZIO, A.Turismo comunitário e desenvolvimento: Na perspectiva dos quilombolas no Parque Estadual do Jalapão (TO) e adjacências. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v 16, n.5, pp. 407-429, nov. 2023.
RAMIRO, Patrícia Alves; ROMERO, Danielli Granado. O papel do turismo frente às novas ruralidades: o caso dos assentamentos rurais. Sustentabilidade em Debate - Brasília, v. 3, n. 2, p. 93-116, jul/dez 2012.
REIS, A.F.; Queiroz, O.T.M.M. Concessões nas Unidades de Conservação do Estado de São Paulo: reflexões, oportunidades e desafios. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.10, n.2, mai/jul. 2017.
RETIÈRE. M.; MORUZZI MARQUES, P. E. A justiça ecológica em processos de reconfiguração do rural: estudo de casos de neorrurais no estado de São Paulo. RESR, 57(3), 490-503, 2019.
SOUZA, Julia Coelho de. Turismo Rural e Comunitário como vetores para o fortalecimento de cadeias agroalimentares familiares e agroecológicas. Cenário, Brasília, v.4, n.7, 112– 127 p. 2016.
TORTADO, F. R. et al. Turismo de observação de mamíferos no Pantanal. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 16, n. 3, p. 351-370, set.-dez. 2021.
WERNECK, Alexandre. A desculpa: as circunstâncias e a moral das relações sociais. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2012. 375 p. ISBN 9788520011676 (broch.).
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) em http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html