Paradoxos no impedimento para licenciamento da agricultura tradicional em assentamento ambientalmente diferenciado em Anapu, Pará
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2021.v24i2.433Palavras-chave:
Adequação ambiental, Amazônia, Cultivos Anuais, Reforma AgráriaResumo
Este artigo contribui com debates sobre impactos causados por assentados em florestas da Amazônia, a partir de estudo de caso analisando procedimentos para licenciamento ambiental em Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Os desafios de assentados para licenciar roçados no PDS Virola Jatobá, em Anapu, Pará, foram analisados desde as motivações para protocolar um projeto de adequação ambiental, até o indeferimento do pedido pelo órgão competente, após 19 meses. A resposta negativa fragilizou tanto assentados que defendiam a manutenção de práticas legais, como a proposta de assentamento ambientalmente diferenciado. No contexto de ilegalidade vivenciado na Amazônia, políticas de comando e controle são essenciais para conter o desmatamento e crimes ambientais. Contudo, a atuação inconsistente do Estado em relação a assentados em PDS reforça a colisão entre direitos sociais e ambientais, impedindo tanto o alcance de metas de justiça social quanto as de conservação ambiental. Reduzir desmatamentos desse segmento depende de políticas adequadas e da criação de alternativas econômicas que lhes ofereçam oportunidades de renda, sem, porém, lhes tolher as relações sociais estabelecidas no cultivo da roça.
Referências
ALENCAR, A.; PEREIRA, C.; CASTRO, I.; CARDOSO, A.; SOUZA, L.; COSTA, R.; BENTES, A. J.; STELLA, O.; AZEVEDO, A.; GOMES, J.; NOVAES, R. Desmatamento nos assentamentos da Amazônia: histórico, tendências e oportunidades. Brasília: IPAM, 2016. 93p.
ASSUNÇÃO, H. N. Interações entre agricultura e manejo florestal: uma análise do uso da terra, meios de vida e sustentabilidade no projeto de desenvolvimento sustentável Virola-Jatobá em Anapu (PA). 2016. 161 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – UFPA, Belém, 2016.
AZEVEDO-RAMOS, C.; PACHECO, J. Economia florestal comunitária e familiar na Amazônia. In: PEZUTTI, J.; AZEVEDO-RAMOS, C. (Orgs.). Desafios amazônicos. Belém: NAEA, 2016. p. 357-396.
BARROSO, L. R.; MELLO, P. P. C. Como salvar a Amazônia: por que a floresta de pé vale mais do que derrubada. Revista de Direito da Cidade, v. 12, n. 2, p. 331-376, 2020. https://doi.org/10.12957/rdc.2020.50980.
AUTOR et al. 2020 (submetido).
BENATTI, J. H. A criação de unidades de conservação em áreas de apossamento de populações tradicionais. Novos Cadernos NAEA, v. 1, n. 2, p. 1-14, 1998. http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v1i2.7.
BOMBARDI, L. M.; MANFREDINI, S.; Fernandez, G. A. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária. Assentamento Milton Santos – Americana/SP. GEOUSP: Espaço e tempo, v. 13, n. 2, p. 135-148, 2009. https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2009.74132.
BRANDÃO JR., A.; SOUZA JR., C. Deforestation in land reform settlements in the Amazon. State of the Amazon: 7. Belém: Imazon, 2006. Disponível em: https://imazon.org.br/en/publicacoes/deforestation-in-land-reform-settlements-in-the-amazon/. Acesso em: 23 nov. 2020.
BRASIL. Decreto nº 6.063, de 20 de março de 2007. Regulamenta, no âmbito federal, dispositivos da Lei no 11.284, de 2 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 144, n. 55, p. 1-4, 21 mar. 2007.
BRASIL. Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166- 67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 149, n. 102, p. 1-8, 28 mai. 2012.
BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Portaria SR-01 no 39, de 13 de novembro de 2002. Dispõe sobre a criação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Virola-Jatobá. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 236, p. 66, 06 dez. 2002.
BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Portaria no 1.040, de 11 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a criação de Projetos de Desenvolvimento Sustentável. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 240, p. 274, 12 dez. 2002.
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. GABINETE DO MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DE POLÍTICA FUNDIÁRIA. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Portaria no 477, de 04 de novembro de 1999. Dispõe sobre a criação de Projeto de Desenvolvimento Sustentável. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 137, n. 212, p. 82, 05 nov. 1999.
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. CASA CIVIL. INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Portaria no 1.470, de 31 de agosto de 2018. Dispõe sobre alterações do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Virola-Jatobá. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 155, n. 186, p. 3, 26 set. 2018.
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução no 458, de 16 de julho de 2013. Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental em assentamento de reforma agrária, e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 150, n. 137, p. 73, 18 jul. 2013.
BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. GABINETE DA MINISTRA. Instrução Normativa no 2, de 05 de maio de 2014. Dispõe sobre os procedimentos para a integração, execução e compatibilização do Sistema de Cadastro Ambiental Rural e define os procedimentos gerais do Cadastro Ambiental Rural. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 151, n. 84, p. 59, 6 mai. 2014.
BRATMAN, E. Villains, victims, and conservationists? Representational frameworks and sustainable development on the Transamazon highway. Human Ecology, v. 39, n. 4, p. 441-453, aug., 2011. https://doi.org/10.1007/s10745-011-9407-x.
FEARNSIDE, P. M. Desmatamento na Amazônia: dinâmica, impactos e controle. Acta Amazonica, v. 36, n. 3, p. 395-400, 2006. https://doi.org/10.1590/S0044-59672006000300018.
GODAR, J., GARDNER, T. A., TIZADO, E. J.; PACHECO, P. Actor-specific contributions to the deforestation slowdown in the Brazilian Amazon. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 111, n. 43, p. 15591-15596, oct., 2014. https://doi.org/10.1073/pnas.1322825111.
GODOI, E. P., MENEZES, M. A.; ACEVEDO MARIN, R. E. Introdução. In: GODOI, E. P., MENEZES, M. A.; ACEVEDO MARIN, R. E. (Orgs.). Diversidade do campesinato: expressões e categorias. São Paulo: Editora UNESP; Brasília: NEAD, 2009. v. 1, p. 23-36.
GOMES D. L.; BRITO, A. E. M. C.; PORRO, N. M. Ambientalismo e des-territorialização in situ em assentamentos na Amazônia. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 26, n. 1, p. 13-32, fev./mai., 2018. https://doi.org/10.36920/esa-v26n1.
LE TOURNEAU, F. M.; BURSZTYN, M. Assentamentos rurais na Amazônia: contradições entre a política agrária e a política ambiental. Ambiente & Sociedade, v. 13, n. 1, p. 111-130, jan./jun., 2010. https://doi.org/10.1590/S1414-753X2010000100008.
MENDES, J.F.; PORRO, N. M. Conflitos sociais em tempos de ambientalismo: direito vivo à terra em assentamentos com enfoque conservacionista. Ambiente & Sociedade, v. 18, n. 2, p. 97-114, abr./jun., 2015. https://doi.org/10.1590/1809-4422ASOCEx06V1822015en.
AUTOR et al. 2020 (submetido)
PARÁ. Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Instrução Normativa no 6, de 19 de maio de 2011. Define procedimentos de conversão de uso do solo através de autorização de Supressão florestal nos imóveis e propriedades rurais na Amazônia Legal, conforme especificações detalhadas e Anexos. Belém: Diário Oficial do Estado do Pará, n. 31.920, caderno 2, p. 6-8, de 23/05/2011. Disponível em: http://www.ioepa.com.br/pages/2011/2011.05.23.DOE.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
PARÁ. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Instrução Normativa no 8, de 28 de outubro de 2015. Define procedimentos administrativos para a realização de limpeza e autorização de supressão, a serem realizadas nas áreas de vegetação secundária em estágio inicial de regeneração, localizadas fora da Reserva Legal e da Área de Preservação Permanente - APP dos imóveis rurais, no âmbito do Estado do Pará, e dá outras providências. Belém: Diário Oficial do Estado do Pará, n. 33.003, p. 31-33, de 03/11/2015. Disponível em: http://www.ioepa.com.br/pages/2015/2015.11.03.DOE.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
PARÁ. Decreto no 1.379, de 3 de setembro de 2015. Cria o Programa de Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais do Estado do Pará – PRA/PA e dá outras providências. Belém: Diário Oficial do Estado do Pará, n. 32.965, p. 5-10, de 04/09/2015. Disponível em: https://www.semas.pa.gov.br/legislacao/files/pdf/6673.pdf. Acesso em: 23 nov. 2020.
AUTOR et al. 2017.
AUTOR et al. 2015.
AUTOR. 2016.
AUTOR. 2020 (submetido)
AUTOR & COAUTOR. 2017.
AUTOR. 2018.
SABLAYROLLES, P.; PORRO, N. M.; OLIVEIRA, M. C. C. Construindo a governança local para a gestão socioambiental na Amazônia. Retratos de Assentamentos, v. 22, n. 2, p. 14-38, ago./jan., 2019. https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2019.v22i2.374.
SHANIN, T. A definição de camponês: conceituações e desconceituações – o velho e o novo em uma discussão marxista. Revista NERA, v. 8, n. 7, p. 1-21, jul./dez., 2005. https://doi.org/10.47946/rnera.v0i7.1456. [Original: A definição de camponês: conceituações e desconceituações. Novos Estudos Cebrap, n. 26, p. 43-80, 1980].
SOUSA, L. Legislação, imposição e infração ambiental: uma análise de discursos e práticas em assentamento ambientalmente diferenciado em Anapu. 2017. 190 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – UFPA, Belém, 2017.
COAUTOR & AUTOR 2020.
WANDERLEY, M. N. B. Agricultura familiar e campesinato: rupturas e continuidade. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 11, n. 2, p. 42-61, out./mar., 2003. https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/issue/view/22.
WATRIN, O. S.; CRUZ, C. B. M.; SHIMABUKURO, Y. E. Análise evolutiva da cobertura vegetal e do uso da terra em projetos de assentamentos na fronteira agrícola amazônica, utilizando geotecnologias. Geografia, v. 30, n. 1, p. 59-76, jan./abr., 2005. https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/ageteo/article/view/684.
AUTOR. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação.
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) em http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html