A armadilha primário exportadora e os impactos na segurança alimentar e nutricional do Brasil, Paraguai e Argentina
DOI:
https://doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2024.v27i2.606Palavras-chave:
América Latina. Padrão Primário Exportador. Segurança Alimentar e Nutricional. DependênciaResumo
Este trabalho faz parte de uma pesquisa de pós-doutorado em que foram discutidas as estratégias dos movimentos sociais rurais para a comercialização de sua produção no contexto da primarização de suas economias. O objetivo deste artigo específico é analisar a principal opção de exportação especializada e como ela se relaciona com os índices de Insegurança Alimentar e Nutricional. A análise parte do Brasil, mas também é apoiada por outros dois países do Cone Sul latino-americano, Paraguai e Argentina, uma vez que também vivenciam esse contexto de especialização primária em exportações. A hipótese é que esse processo leve à escassez interna de alimentos nos países, além de gerar impactos na economia como um todo, dada a desindustrialização resultante. A pesquisa é baseada em dados do Observatório de Complexidade Econômica (oec.world) do Banco Mundial, bem como em índices socioeconômicos de cada país estudado. A fundamentação teórica é um diálogo com a teoria da dependência e com a noção de Pacto do Agronegócio desenvolvida por Guilherme Delgado (2011 e 2022). Houve também trabalho de campo realizado no Brasil, na Argentina e no Paraguai, quando foram visitados mercados centrais e entrevistados membros de movimentos sociais. Conclui-se que não só há um agravamento das taxas de insegurança alimentar, mas também que esta opção de economia política afeta negativamente o desenvolvimento social e econômico dos três países.
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